HISTÓRIA: MENINA BONITA DO LAÇO DE FITA - Ana Maria Machado
Origem do livro segundo a própria Ana Maria Machado
“Este livro, para
mim, é uma história que surgiu a partir de uma brincadeira
que eu fazia com minha filha recém-nascida de meu segundo
casamento. Seu pai, de ascendência italiana, tem a pele muito
mais clara do que a minha e a de meu primeiro marido.
Portanto, meus dois filhos mais velhos, Rodrigo e Pedro,
são mais morenos que Luísa. Quando ela nasceu, ganhou um
coelhinho branco de pelúcia. Até uns dez meses de idade,
Luísa quase não tinha cabelo e eu costumava por um
lacinho de fita na cabeça dela quando íamos passear, para
ficar com cara de menina.
Como era muito
clarinha, eu brincava com ela, provocando risadas com
o coelhinho que lhe fazia cócegas de leve na barriga, e
perguntava (eu fazia uma voz engraçada): “Menina bonita do
laço de fita, qual o segredo para ser tão branquinha?”
E com outra voz, Enquanto
ela estava rindo, eu e
seus irmãos íamos respondendo o que ia dando na telha: é por
que caí no leite, porque comi arroz demais, porque me pintei
com giz etc. No fim, outra voz, mais grossa dizia algo do
tipo: “Não, nada disso, foi uma avó italiana que deu carne e
osso para ela…” Os irmãos riam muito, ela ria,
era divertido.
Um dia, ouvindo isso, o
pai dela (que é músico) disse que tínhamos quase pronta uma
canção com essa brincadeira, ou uma história, e que eu devia
escrever. Gostei da ideia, mas achei que o tema de uma menina
linda e loura, ou da Branca de Neve, já estava gasto demais. E
nem tem nada a ver com a realidade do Brasil. Então
a transformei numa pretinha, e fiz as mudanças necessárias:
a tinta preta, as jabuticabas, o café, o feijão preto etc.
ATIVIDADES PARA
TRABALHAR COM O LIVRO MENINA BONITA DO LAÇO DE FITA
(Ana Maria Machado)
PROJETO:
ÁREA DE CONHECIMENTO:
Língua Portuguesa
OBJETO DE ESTUDO:
Diversidade Étnico-Cultural Brasileira Ensino Fundamental –
1º ao 5º ano
INTRODUÇÃO: Desenvolvimento
do tema da diversidade, não somente com o objetivo de apresentar
aos alunos a riqueza da diversidade étnico-cultural brasileira,
contribuindo para que as crianças se apropriem de valores
como o respeito a si próprias e ao outro, mas também com o
objetivo de elevar a auto-estima do aluno negro. A
sugestão é que as atividades sejam desenvolvidas durante um período
mínimo de cinco dias, (lembrando que essa
sugestão de aulas não poderá ocorrer num dia só) no
decorrer dos quais o professor irá:
1. Apresentar a
história à classe, contando-a, sem mostrar o livro.
2. Pedir às crianças
que dêem um título (um nome) à história ouvida, escrevendo na
lousa as sugestões apresentadas.
3. Contar que quem
escreveu a história foi Ana Maria Machado, uma escritora brasileira
que escreve livros para crianças, principalmente. Se o(a)
professor(a) já tiver lido para a classe outros livros da autora,
relembrar o fato aos alunos, se possível, mostrando-os.
4. Dizer o título
do livro: "Menina bonita do laço de fita"
e comparar com os nomes apresentados pelos alunos na
atividade perguntando a eles se gostaram mais do nome escolhido
por eles próprios ou o escolhido pela autora; mostrar às crianças
que nem sempre temos a mesma opinião sobre um mesmo fato ou situação
e que o importante é que aprendamos a respeitar todas as opiniões;
comentar os nomes escolhidos pelos alunos, na medida em que se
afastam ou se aproximam do nome original da história.
5. Mostrar a capa
do livro aos alunos."Ler" a imagem da capa com
eles, fazendo perguntas sobre a ilustração: a cor da pele
da menina, do coelho, o cabelo da menina (quem usa
cabelo assim? é difícil fazer um penteado como esse? leva muito
tempo?). Destacar o olhar apaixonado, pensativo-sonhador do coelho.
Pedir aos alunos que mostrem o que mais na ilustração indica que o
coelho está apaixonado. Dizer o nome do ilustrador e falar sobre a
importância da ilustração na leitura.
6. Ler o livro para
os alunos, agora parando em cada página, mostrando as imagens e
destacando as palavras e expressões que valorizam a menina, que
a retratam como bela: "Era uma vez uma menina linda,
linda. Os olhos dela pareciam duas azeitonas, daquelas bem
brilhantes. Os cabelos eram enroladinhos e bem negros, feitos fiapos
da noite. A pele era escura e lustrosa, que nem o pêlo da pantera
negra quando pula na chuva.". Os adjetivos e comparações
usados pela autora vão além de aguçar a imaginação
infantil (olhos = duas azeitonas daquelas bem brilhantes; cabelos =
fiapos da noite; pele = pêlo da pantera negra quando pula na chuva);
eles evocam uma imagem positiva da menina, valorizando nela
aspectos como cabelo e cor de pele, que normalmente são
"maquiados", escondidos, quando a personagem é negra. A
beleza natural da menina ganha enfeites que reforçam seu
encanto, dando a ela ares de personagem de contos de fadas,
pois: "Ainda por cima, a mãe gostava de fazer
trancinhas no cabelo dela e enfeitar com laço de fita colorida.
Ela ficava parecendo uma princesa das Terras da África, ou uma fada
do Reino do Luar". Esses dois trechos contribuem para que, ao
imaginário infantil a menina seja apresentada como uma
bela princesa de contos de fadas,
o que é extremamente positivo e eleva a auto-estima da criança, que
se identificará com a heroína. Perguntar aos alunos se eles têm
uma idéia do porquê do coelho querer ter a cor de pele
da menina. Será que ele não está satisfeito com a própria
cor? Comentar com as crianças as respostas dadas.
É importante que o (a) professor (a) destaque que além de muito bonita, essa heroína é também muito esperta e criativa, pois mesmo não sabendo responder às perguntas do coelho, sempre tem uma solução para que ele se torne da cor desejada: cair na tinta preta, tomar muito café, comer muita jabuticaba...
Antes de ler o trecho que fala da intervenção da mãe no diálogo entre a menina e o coelho, perguntar se alguém lembra como era a mãe da garota.
Comparar o texto escrito ("uma mulata linda e risonha") e a ilustração da mãe que é a de uma linda moça, moderna, bem vestida e arrumada (enfeitada, pintada, cabelos penteados), o que também contribui para que a classe forme uma imagem estética positiva da mulher negra.
É importante que o (a) professor (a) destaque que além de muito bonita, essa heroína é também muito esperta e criativa, pois mesmo não sabendo responder às perguntas do coelho, sempre tem uma solução para que ele se torne da cor desejada: cair na tinta preta, tomar muito café, comer muita jabuticaba...
Antes de ler o trecho que fala da intervenção da mãe no diálogo entre a menina e o coelho, perguntar se alguém lembra como era a mãe da garota.
Comparar o texto escrito ("uma mulata linda e risonha") e a ilustração da mãe que é a de uma linda moça, moderna, bem vestida e arrumada (enfeitada, pintada, cabelos penteados), o que também contribui para que a classe forme uma imagem estética positiva da mulher negra.
7. Aproveitar a
descoberta do coelho ("a gente se parece sempre é com os pais,
os tios, os avós e até com os parentes tortos") e perguntar
aos alunos com quem eles acham que se parecem. Essa atividade pode
desdobrar-se em outras, por exemplo:
a) as crianças podem
entrevistar os pais para saberem com quem se parecem e apresentar os
resultados da pesquisa oralmente (Por exemplo, dizendo frases como:
Minha mãe diz que meus olhos são parecidos com os dela, mas que
meus cabelos e minha boca se parecem com os da minha avó.);
b) os alunos podem
levar fotografiasde parentes (pais, avós, tios, irmãos, por
exemplo); atrás de cada foto deve constar o nome da
criança que a trouxe; os alunos dividem-se em grupos de quatro.
As fotos de cada grupo são empilhadas, com a frente para
cima; os alunos tiram a sorte para ver quem começa jogando, o
primeiro pega a primeira foto e tenta adivinhar quem a trouxe,
observando as semelhanças entre as fotos e os colegas de grupo;
se foi ele mesmo quem trouxe a foto, deve embaralhar a pilha, para
que a fotografia saia do primeiro lugar; enquanto for acertando, o
jogador continuará jogando. Ganhará o jogo quem tiver acertado
mais. Ao final, as crianças devem contar aos colegas de grupo
quem são as pessoas que estão nas fotos. Terminada a brincadeira, o
(a) professor (a) colocará para a turma a seguinte questão: somos
parecidos com as pessoas da nossa família? O coelho branco estava
certo em suas conclusões?
8. Pedir às crianças
que desenhem: a) a menina do laço de fita e
a mãe; b) o coelho e sua nova família; c) suas famílias.
9. Organizar uma
roda de conversas. Reler o trecho: "O coelho achava
a menina a pessoa mais linda que ele tinha visto em toda a
vida. E pensava: - Ah, quando eu casar quero ter uma filhinha
pretinha e linda que nem ela." Questionar: O que é ser bonito?
Como uma pessoa deve ser para ser bonita? Provavelmente surgirão
respostas diferentes umas das outras. Retomar o que foi dito na
atividade nº 4 e mostrar às crianças que nem sempre temos a mesma
opinião sobre um assunto e que isso é muito bom, pois o mundo seria
muito aborrecido se todos pensassem do mesmo jeito e se, por exemplo,
só existisse um único modelo de beleza. Destacar que o
importante é respeitar as diferenças. Conversar com a classe sobre
os padrões de beleza existentes em "Menina bonita".
10. Mostrar, num
mapa-múndi, os cinco continentes- a América, a Europa, a Ásia, a
África e a Oceania, ressaltando que eles são divididos em países,
cada um com seus costumes e tradições, suas festas, músicas e
danças, suas religiões e seu jeito de ser, pois ninguém
é igual a ninguém e é isso que dá graça à vida.
11. Conversar com as
crianças sobre as "famílias" (povos) que formam o Brasil:
os índios, o negro, o colonizador europeu, os imigrantes italianos,
japoneses, árabes, judeus etc. Explicar que esses povos foram se
cruzando, para formar a grande família brasileira, que tem as
características de suas origens. Lembrar aqui as
contribuições desses povos nas festas, na música, na culinária,
nas histórias etc.
12. Retomar a atividade
10 e complementá-la, destacando a importância do respeito à
diversidade étnico-cultural que compõe o Brasil.
Essas são algumas sugestões, apenas. O professor deve assumir uma postura de combate a todas as formas de discriminação e preconceito, valorizando as diferentes etnias que constituem o Brasil e que, de certa forma, estão representadas nas crianças que compõem uma sala de aula na Educação.
Essas são algumas sugestões, apenas. O professor deve assumir uma postura de combate a todas as formas de discriminação e preconceito, valorizando as diferentes etnias que constituem o Brasil e que, de certa forma, estão representadas nas crianças que compõem uma sala de aula na Educação.
Para finalizar, um
destaque: para assumir o compromisso de trabalhar a
diversidade cultural e étnica na Educação Infantil/Fundamental, o
professor precisa ter segurança quanto ao que será desenvolvido.
Um caminho para isso é
a reflexão conjunta dos professores nas reuniões pedagógicas,
procurando respostas a indagações como: Sou preconceituoso? Já
vivi situações de discriminação ou preconceito? E,
tratando-se da etnia negra: O que sei sobre o continente africano? O
que sei sobre as condições dos africanos escravizados no Brasil? O
que sei sobre suas lutas de resistência, seus heróis,
suas histórias? Conheço a história de Zumbi? A
influência que os africanos escravizados tiveram na formação da
identidade brasileira, nas religiões, festas, cantigas, danças,
culinária e, principalmente, histórias que contribuem para ampliar
o repertório e povoar o imaginário das crianças com representações
positivas do negro?
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